A maioria dos clubes só ficam 4 meses de portas abertas, reclamam da falta de patrocínio e apoio privado, tendo prefeituras como seu principal e até mesmo único patrocinador, sendo dependentes do poder público para disputarem os curtos campeonatos, e quando não tem fecham as portas, como aconteceu nos últimos anos com 4 de Julho e Barras, que nem existe mais. Querem apoio privado, mas que empresa vai investir em um clube e um campeonato que não tem visibilidade, não que não tenham potencial, mas porque são muito mal organizados.
Talvez o futebol piauiense precise se inspirar em clubes pequenos, mas que são grandes em estrutura e conquistas e tudo graças ao seu profissionalismo, talvez o maior exemplo na atualidade seja o Tombense, de Minas Gerais, o clube é sediado em Tombos, uma pequena cidade com menos de 10 mil habitantes, na verdade são apenas 8.899 habitantes, segundo o IBGE 2016.
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| O Tombense não tem torcida, tem sede em uma pequena e humilde cidade com menos de 10 mil habitantes, mas seu profissionalismo o colocou e o mantém desde 2015 na Série C do Brasileirão | 
O Tombense já é um clube centenário, foi fundado em 1914, mas até pouco tempo atrás era desconhecido até mesmo em seu estado Minas Gerais. O clube só começou a fazer sucesso nesta década e agora vai para sua terceira temporada seguida na Série C. Mas qual a explicação para manter um time estruturado numa cidade distante da capital e com menos de 10 mil habitantes? Para Lane Gaviolle, presidente do clube, a resposta está em “organização e parcerias”.
“A gente atribui isso ao trabalho bem feito e à organização. Como todo clube do interior, o Tombense passa dificuldades, mas tem recursos próprios e de parceiros. O objetivo do clube é formar jogadores, colocar nos grandes clubes e ganhar dinheiro para continuar em atividade. Entramos na Série C com nossos próprios recursos. É cara a Série C, assim como foi a D. Então estamos investindo para formar novos valores e colocá-los nos grandes centros, assim como fizemos no passado. O Leonardo Moura(ex-Flamengo) é daqui, o Cícero(do Fluminense) é daqui, o Elias(ex-Corinthians) era daqui, o André Lima, o Fernandão. Existem recursos próprios e as vendas e empréstimos de jogadores", diz Gaviolle.
Entre os parceiros que fizeram do Tombense um clube de sucesso estão o carioca Eduardo Uram(dono da Brazil Soccer) e o paulista Luiz Roberto Zini, o Nenê Zini(empresário de jogadores como Rafael Marques, do Palmeiras). Os dois investem no clube há alguns anos, num modelo bem sucedido de clube-empresa.
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| Estádio do Tombense tem capacidade para apenas 5 mil torcedores, que equivale a mais da metade da população de Tombos, mas é moderno e bem estruturado | 
Na verdade a união é antiga e começou em 1999 quando as instalações do clube foram todas modernizadas para que em 2000 o clube se profissionalizasse. Na época era um acordo bem formalizado entre Eduardo Uram, da empresa Brazil Soccer(empresa de agenciamento de jogadores e de consultoria a clubes de futebol) e Lane Mendonça Gaviolle, presidente do clube.
“Na época a Lei Pelé forçava os clubes a se tornarem empresas. E achamos um modelo adequado para um clube de tradição”, explica Lane Mendonça.
| Pequeno, mas elegante e bem cuidado, o estádio do Tombense possui uma pequena área para festas | 
Passaram pelo clube jogadores como Leonardo Moura, lateral do Flamengo; Victor Simões e André Lima, do Botafogo, Cícero, do Fluminense, entre outros.
“Nós temos uma estrutura grande numa cidade pequena. Temos campos de treinamento, moradia de qualidade, uma alimentação excelente. E o clube investe no trabalho de base, o que vai fomentar o aparecimento sempre de novos jogadores para o próprio clube”, explicou Eugênio Souza, ex-técnico do clube na temporada 2014.
| O moderno CT do Tombense, clube investe pesado em estrutura, coisa que nem os times piauienses da capital fazem  | 
Para que tudo desse certo era preciso que a cidade abraçasse o time. E isso foi acontecendo aos poucos numa população em torno de apenas 10 mil habitantes e humilde. E se a pequena Tombos abraçou o time local, o mesmo não acontece com os clubes piauienses, que veem os pequenos estádios quase sempre vazios.
Tombos fica na Zona da Mata, a apenas 5 km de distância do Estado do Rio de Janeiro. Mas fica perto de 350 km de distância tanto de Belo Horizonte, capital mineira, como do Rio de Janeiro, capital fluminense.
| Centro de Treinamento do Tombense, se os times piauienses investissem tão bem assim dificilmente o futebol piauiense estaria no buraco em que está e de onde nunca saiu | 
Em 2012 foi vice-campeão do Módulo II . Dessa forma, conquistou uma vaga para a disputa do Módulo I do Campeonato Mineiro de Futebol (principal divisão do futebol mineiro) em 2013.
Nesse torneio, o iniciante Tombense fez bonito e se classificou entre os quatro melhores do campeonato, conquistando uma vaga nas semifinais e além disso consegue outro feito inédito que é uma participação em uma competição a nível nacional, o Tombense classifica-se para o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2013 - Série D e termina como vice-campeão do interior. Mas o Tombense desiste de participar da Série D de 2013.
Em 2014 foi o segundo melhor colocado do Campeonato Mineiro do Interior e se classificou para o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2014 - Série D, dessa vez o clube disputou a competição e mais uma vez surpreendeu ao conquistar o acesso para a Série C, onde conseguiu permanecer em 2015, já em 2016 ficou em 5º lugar no Grupo B com 29 pontos, um a menos que o Juventude que avançou para as quartas de final, e em 2017 vai disputar a sua terceira temporada na competição.
Enquanto isso o futebol do Piauí com times com sede em cidades com mais de 50 mil habitantes não conseguem sequer montar um Centro de Treinamento, talvez o melhor CT do estado seja o do River, mas não chega sequer aos pés da estrutura do pequeno Tombense.
Fonte: Com informações do Futebol Interior, SuperEsportes e Tombense


