domingo, 27 de novembro de 2016

Time de cidade de menos de 10 mil habitantes disputa a Série C e é exemplo de profissionalismo para os times do Piauí

Mais um ano se foi e o futebol piauiense que parecia evoluir, não evoluiu, parece que o futebol piauiense está mergulhado e fadado ao fracasso, nunca evolui, e tudo graças a má gestão feita pela FFP e clubes. Enquanto a federação organiza mal as competições e exige pouco ou mesmo nenhum profissionalismo dos clubes participantes, os clubes não parecem ter algum interesse em investir na profissionalização do futebol do estado, não tem gestão, querem apenas "participar dos campeonatos", como se participa de um campeonato amador, todos sem estrutura, nenhum tem Centro de Treinamento, ou melhor, alguns até tem, se é que podemos chamar de CT, pois são muito mal estruturados, mesmo o River, time mais profissionalizado do estado, tem um CT com pouquíssima estrutura, do CT do Galo talvez apenas o campo de treinos realmente preste.

A maioria dos clubes só ficam 4 meses de portas abertas, reclamam da falta de patrocínio e apoio privado, tendo prefeituras como seu principal e até mesmo único patrocinador, sendo dependentes do poder público para disputarem os curtos campeonatos, e quando não tem fecham as portas, como aconteceu nos últimos anos com 4 de Julho e Barras, que nem existe mais. Querem apoio privado, mas que empresa vai investir em um clube e um campeonato que não tem visibilidade, não que não tenham potencial, mas porque são muito mal organizados.

Clube de uma pequena cidade de Minas Gerais possui uma estrutura invejável e é um grande exemplo no qual os times piauienses deveriam se espelhar para crescer. Na imagem, campos de treinamento do CT do clube

Talvez o futebol piauiense precise se inspirar em clubes pequenos, mas que são grandes em estrutura e conquistas e tudo graças ao seu profissionalismo, talvez o maior exemplo na atualidade seja o Tombense, de Minas Gerais, o clube é sediado em Tombos, uma pequena cidade com menos de 10 mil habitantes, na verdade são apenas 8.899 habitantes, segundo o IBGE 2016.

O Tombense não tem torcida, tem sede em uma pequena e humilde cidade com menos de 10 mil habitantes, mas seu profissionalismo o colocou e o mantém desde 2015 na Série C do Brasileirão

O Tombense já é um clube centenário, foi fundado em 1914, mas até pouco tempo atrás era desconhecido até mesmo em seu estado Minas Gerais. O clube só começou a fazer sucesso nesta década e agora vai para sua terceira temporada seguida na Série C. Mas qual a explicação para manter um time estruturado numa cidade distante da capital e com menos de 10 mil habitantes? Para Lane Gaviolle, presidente do clube, a resposta está em “organização e parcerias”.

“A gente atribui isso ao trabalho bem feito e à organização. Como todo clube do interior, o Tombense passa dificuldades, mas tem recursos próprios e de parceiros. O objetivo do clube é formar jogadores, colocar nos grandes clubes e ganhar dinheiro para continuar em atividade. Entramos na Série C com nossos próprios recursos. É cara a Série C, assim como foi a D. Então estamos investindo para formar novos valores e colocá-los nos grandes centros, assim como fizemos no passado. O Leonardo Moura(ex-Flamengo) é daqui, o Cícero(do Fluminense) é daqui, o Elias(ex-Corinthians) era daqui, o André Lima, o Fernandão. Existem recursos próprios e as vendas e empréstimos de jogadores", diz Gaviolle.

Entre os parceiros que fizeram do Tombense um clube de sucesso estão o carioca Eduardo Uram(dono da Brazil Soccer) e o paulista Luiz Roberto Zini, o Nenê Zini(empresário de jogadores como Rafael Marques, do Palmeiras). Os dois investem no clube há alguns anos, num modelo bem sucedido de clube-empresa.

Estádio do Tombense tem capacidade para apenas 5 mil torcedores, que equivale a mais da metade da população de Tombos, mas é moderno e bem estruturado

Na verdade a união é antiga e começou em 1999 quando as instalações do clube foram todas modernizadas para que em 2000 o clube se profissionalizasse. Na época era um acordo bem formalizado entre Eduardo Uram, da empresa Brazil Soccer(empresa de agenciamento de jogadores e de consultoria a clubes de futebol) e Lane Mendonça Gaviolle, presidente do clube.

“Na época a Lei Pelé forçava os clubes a se tornarem empresas. E achamos um modelo adequado para um clube de tradição”, explica Lane Mendonça.

Pequeno, mas elegante e bem cuidado, o estádio do Tombense possui uma pequena área para festas

Passaram pelo clube jogadores como Leonardo Moura, lateral do Flamengo; Victor Simões e André Lima, do Botafogo, Cícero, do Fluminense, entre outros.

“Nós temos uma estrutura grande numa cidade pequena. Temos campos de treinamento, moradia de qualidade, uma alimentação excelente. E o clube investe no trabalho de base, o que vai fomentar o aparecimento sempre de novos jogadores para o próprio clube”, explicou Eugênio Souza, ex-técnico do clube na temporada 2014.

O moderno CT do Tombense, clube investe pesado em estrutura,
coisa que nem os times piauienses da capital fazem

Para que tudo desse certo era preciso que a cidade abraçasse o time. E isso foi acontecendo aos poucos numa população em torno de apenas 10 mil habitantes e humilde. E se a pequena Tombos abraçou o time local, o mesmo não acontece com os clubes piauienses, que veem os pequenos estádios quase sempre vazios.

Tombos fica na Zona da Mata, a apenas 5 km de distância do Estado do Rio de Janeiro. Mas fica perto de 350 km de distância tanto de Belo Horizonte, capital mineira, como do Rio de Janeiro, capital fluminense.

Centro de Treinamento do Tombense, se os times piauienses investissem tão bem assim dificilmente o futebol piauiense estaria no buraco em que está e de onde nunca saiu

Em 2012 foi vice-campeão do Módulo II . Dessa forma, conquistou uma vaga para a disputa do Módulo I do Campeonato Mineiro de Futebol (principal divisão do futebol mineiro) em 2013.

Nesse torneio, o iniciante Tombense fez bonito e se classificou entre os quatro melhores do campeonato, conquistando uma vaga nas semifinais e além disso consegue outro feito inédito que é uma participação em uma competição a nível nacional, o Tombense classifica-se para o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2013 - Série D e termina como vice-campeão do interior. Mas o Tombense desiste de participar da Série D de 2013.

Em 2014 foi o segundo melhor colocado do Campeonato Mineiro do Interior e se classificou para o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2014 - Série D, dessa vez o clube disputou a competição e mais uma vez surpreendeu ao conquistar o acesso para a Série C, onde conseguiu permanecer em 2015, já em 2016 ficou em 5º lugar no Grupo B com 29 pontos, um a menos que o Juventude que avançou para as quartas de final, e em 2017 vai disputar a sua terceira temporada na competição.

Só resta torcer para que os dirigentes do futebol piauiense amadureçam e resolvam enfim profissionalizar a estrutura do nosso futebol, caso contrário iremos ver eternamente o Piauí passar vergonha no cenário nacional

Enquanto isso o futebol do Piauí com times com sede em cidades com mais de 50 mil habitantes não conseguem sequer montar um Centro de Treinamento, talvez o melhor CT do estado seja o do River, mas não chega sequer aos pés da estrutura do pequeno Tombense.

Fonte: Com informações do Futebol Interior, SuperEsportes e Tombense
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