terça-feira, 19 de abril de 2016

Governo do Piauí tenta desenvolver o esporte do estado dando fortunas para poucos e deixando o resto na miséria

Após meses de espera o governo do estado finalmente liberou o prometido patrocínio aos clubes, ou melhor, a alguns clubes,  do Campeonato Piauiense 2016. O atraso no repasse do apoio financeiro aos clubes prometido ainda  no ano passado deixou os  clubes em situação caótica estando alguns com folhas salariais atrasadas em até dois meses, o que levou a muitos jogadores a abandonarem seus clubes em meio ao campeonato. Mas felizmente após toda essa espera e dor de cabeça o governo do estado finalmente honrou com o  compromisso e  liberou o patrocínio de  R$ 3 milhões de  reais, que provavelmente será usado de imediato pelos clubes na quitação dos salários atrasados.

Os beneficiados

Apesar de honrar com o compromisso e de tentar passar uma imagem de governo que apoia o desenvolvimento do esporte do Piauí, o governo do estado falha grosseiramente ao apoiar apenas alguns times deixando a maioria de fora sem serem beneficiados pelo apoio do estado. Apenas quatro times  foram beneficiados: River, Fla-PI  e Piauí, todos times sediados na capital Teresina, além destes que disputam o Piauiense 2016,  quem também recebeu apoio foi o Tiradentes, também de Teresina.

Muito dinheiro para poucos beneficiados

O Piauiense 2016 conta com a participação de oito times, destes apenas três foram beneficiados pelo patrocínio do Estado, todos são times de Teresina, os times do interior que já tem maior dificuldade para arranjar patrocínios ficaram de fora da ação do Estado. O River, o maior beneficiado, receberá R$ 150 mil/mês, o Flamengo-PI R$ 50 mil/mês, já o Piauí terá R$ 30 mil/mensais  Diante disso ficam algumas perguntas:

Quais os critérios utilizados pelo governo para conceder tal apoio financeiro? É justo apoiar um ou dois clubes em detrimento dos demais? Será que é com esse tipo de incentivo, dando muito para poucos e nada para os demais, que iremos desenvolver o futebol ou qualquer outro esporte no estado?

É assim que o Governo do Piauí quer desenvolver o futebol do estado,
privilegiando alguns e deixando os outros na miséria
Segundo o governo do estado um dos critérios utilizados para definir os patrocínios é o profissionalismo dos clubes, principalmente em relação a investimentos nas categorias de base, coisa que entre os times do Piauiense só River, Fla-PI e Piauí fazem, ou seja, o governo quer que os clubes invistam na revelação de talentos.  Obviamente que o governo erra ao dar o patrocínio apenas a aqueles clubes que já possuem investimentos em categorias de base, não é dando tudo para alguns clubes e deixando os demais de fora que iremos desenvolver o futebol piauiense, o governo poderia, e deveria, criar um projeto de apoio gradual com exigências estabelecidas, como a construção de Centro de Treinamento, investimento em categorias de base, e que deveriam ser executadas pelos clubes num determinado prazo, sendo que durante esse período de profissionalização os clubes receberiam patrocínios menores do que aqueles que hoje já atendem as exigências, o que não pode é fazer como está sendo feito.

O que se ver nessa atitude do governo ou é falta de planejamento ou então patrocínio politico. Tanto a  falta de planejamento e visão dos administradores públicos quanto os favorecimentos políticos já não é novidade para ninguém, mas por que politico? Politico, porque os clubes patrocinados possuem ligação com diversos políticos, alguns deles bastante influentes, no Fla-PI por exemplo, há nomes como  Tiago Vasconcelos, presidente do clube, ele é vereador de Teresina, além dele tem Fábio Abreu, que é deputado federal e secretario de segurança. No River não é diferente, políticos é o que não falta, no galo estão nomes como o do presidente Elizeu Aguiar, ele é ex-vereador de Teresina e ex-deputado federal,  já comandou o IDEPI no governo Wilsão, o vice-presidente Júlio Arcoverde é deputado estadual e filho do ex-governador Dirceu Arcoverde, é aliado do governo, já comandou vários órgãos estaduais. Quanto ao Tiradentes, que embora tenha uma grande história no futebol piauiense, nem sequer tem time profissional,  o clube não participa de competições profissionais há cerca de 20 anos, tem se dedicado durante essas duas décadas apenas as categorias de base, nos últimos anos também tem atuado no futebol feminino, tendo sido eliminado nas semifinais do Brasileiro Feminino de 2015. O patrocínio ao Tiradentes deve vir unicamente pelo fato de ser o time da Policia Militar, que além de tudo é comandada pelo secretario e deputado federal Fábio Abreu, que é ex-militar e comandante do RONE.

Investimentos do governo em estádios

O governo do estado nunca, jamais, investiu seriamente no desenvolvimento do futebol do estado, ou melhor, de esporte nenhum, muito menos na estrutura de estádios, os únicos investimentos, se é que podemos chamar de investimentos, neste sentido foram feitos ainda nos dois primeiros mandatos de W.Dias(2003 a 2010), foi nesse período que foi reformado o pequeno estádio de Piripiri, a  Arena Ytacoatiara, sede dos jogos do 4 Julho, time que justamente por falta de apoio está de portas fechadas há um ano, o clube foi rebaixado pra Série B, o estádio tem capacidade para 4 mil torcedores,  W.Dias também chegou a fazer investimentos em reforma no Albertão, mas parou por aí e nada mais foi feito, ou melhor, nada nunca foi feito. A Vila Olímpica de Parnaíba até hoje está com as obras paradas, assim como também o Centro de lutas Sarah Menezes, que ninguém sabe quando será concluído.

Estádio Ytacoatiara, em Piripiri, o último estádio amplamente reformado pelo governo.
Os estádios do Piauí, principalmente os do interior, estão em péssimo estado de conservação, falta iluminação, o gramado é pior do que pasto(ao ponto de virar lamaçal), sem segurança para jogadores e torcida, sem estrutura para transmissão dos jogos, além de serem minúsculos, geralmente com capacidade inferior a 6 mil torcedores.

Os clubes vão reclamar da divisão injusta ?

Dificilmente algum clube não beneficiado pelo patrocínio irá reclamar, não que não queira, até porque todos estão se arrastando para pagar os salários miseráveis aos jogadores,  mas por razões politicas, pois assim como os clubes beneficiados esses clubes do interior são controlados por políticos, prefeitos, vereadores, deputados. O Caiçara, por exemplo, que está em situação caótica, quase rebaixado e sem jogadores para fazer substituições durante o jogo, recebe apoio financeiro da prefeitura de Campo Maior, que é comandada pelo prefeito Paulo Martins, que é do PT, partido do governo, Altos, Parnahyba e Picos também recebem apoio da  prefeitura de suas respectivas cidades e todas elas são comandadas por prefeitos do PT, de W.Dias.

O fato é que os clubes do interior seguirão afundando até quem sabe fechem as portas como fez o Cori-Sabbá em 2015, mas que  retornou no sacrifício esse ano na tentativa de evitar cair pra Série B, mas o clube está na lanterna. Por falta de apoio times como Princesa do Sul(2013), 4 de Julho(2015) e Barras(desde 2012) não participam mais dos campeonatos oficiais já que não tem condições de se manterem com os patrocínios miseráveis e falta de apoio do poder publico.

Talvez o único que realmente não possa reclamar seja o Parnahyba, já que o clube do litoral recebe investimento do Governo do Estado na construção do CT Petrônio Portela, no valor de R$ 1,4 milhão de reais.

O fato é que caso o poder público e os administradores dos clubes continuarem atuando de forma tão incompetente o futebol e o esporte do Piauí nunca vão sair do buraco em que está.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...